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Hárbardsjod - O Discurso de Hárbard |
quinta-feira, maio 04, 2006 |
Thor voltava do leste, quando se deparou frente a um canal. Do outro lado do canal estava o barqueiro e sua barca. Thor falou: "Quem é o moço entre os moços na outra orla do canal?" Respondeu: "Quem é o homem entre os homens que me fala sobre as ondas?" Thor falou: "Cruza-me o canal, dar-lhe-ei um bom desjejum, carrego em minha cesta, pelas costas, o melhor dos almoços; Comi em minha casa, antes de marchar, Carne de boi e de cabra, e ainda estou satisfeito." O barqueiro falou: "Qual proeza adiantou-lhe tua comida elogiada; E és pouco adiantado: Triste está tua família, creio que tua mãe morreu." Thor falou: "Falastes agora o que de tudo parece ser o mais grave: que minha mãe está morta!" O barqueiro falou: "Claro, pois já vejo que necessitas três bens: levas as pernas nuas, roupas de maltrapilhos, nem calças parece que tinhas!" Thor falou: "Traz aqui teu barco! Te direi onde atracar. Mas, de quem é a barca que tens ai na terra?" O barqueiro falo: "Hildúlf se chama quem me mandou vigiar, o sagaz guerreiro que habita o Rádseysund; Disse-me que não deverão passar assaltantes nem maltrapilhos, Só aos bons e aos que conheça bem. Pois me diz teu nome se queres passar o canal." Thor falou: "Sim, e direi-lhe meu nome, embora me afronte, e a toda a minha família: sou o filho de Odin, irmão de Meili e pai de Mágni, rei poderoso dos deuses: com Thor estás falando. E agora eu que quero saber como te chamas!" O barqueiro falou: "Me chamo Hárbard, e não oculto meu nome." Thor falou: "Porque ocultar seu nome se não fizestes nada de mal?" Hárbard falou: "Aqui eu continuo, aqui te espero, não encontrarás ninguém mais forte desde a morte de Hrungnir." Thor falou: "Queres lembrar-me minha luta com Hrungnir, O gigante arrogante da cabeça de pedra? Pois o derrubei e lhe tirei a vida. Entretanto, que tu fazias, Hárbard?" Hárbard falou: "Estive com Fjölvar durante cinco invernos, na ilha que chama de Allgraen; Ali tivemos combates, e abatemos homens, Muito ousamos, e ao amor degustamos." Thor falou: "Como os trataram vossas mulheres?" Hárbard falou: "Seriam mulheres vivazes se tivesse sido dóceis, Seriam mulheres sábias se tivessem sido fiéis; Trançaram cabos com areia, E de vales profundos Escavaram prados. Só o meu juízo foi melhor que o delas, Conquistei sete irmãs, E tive amor e prazer com todas. Entretanto que tu fazias, Thor?" Thor falou: "Eu matei Thjálfi, o gigante algoz, e lancei os olhos do filho de Allvaldi até o céu claro; São as melhores provas de minhas proezas Pois todos os homens podem ver-las. Entretanto, que tu fazias, Hárbard?" Hárbard falou: "Muitos amores tive com feiticeiras, e eu as tirei de seus maridos; Um Troll feroz eu acredito que foi Hlébard, Deu-me o cajado mágico E arrebatei-lhe a razão." Thor falou: "Ao que me parece, um mau prêmio lhe deste por um bom presente." Hárbard falou: "Tinha ele o carvalho que de outros tirou; Cada um que se cuide de si, Entretanto, que tu fazias, Thor?" Thor falou: "Eu estava para o leste, combatendo gigantes, E pérfidas donzelas quando ia às montanhas; Muitos filhos teriam os Trolls se todos vivessem, Nenhum homem poderia viver em Midgard. Entretanto, que tu fazias, Hárbard?" Hárbard falou: "Eu estive em Valland livrando combates, incitando a lutar, nunca a fazer a paz; A Odin vão os nobres guerreiros caídos em combate, E a Thor somente os servos." Thor falou: "Então uma divisão injusta das pessoas farias ante os Aesir se tivesses poder para fazer-lo." Hárbard disse: "Thor é muito forte, mas não é valente; Por medo e covardia escondia-se na luva, E não parecia Thor. Não teve honra, cheio de medo De investigar nem enfrentar, por Fjalar te observar." Thor falou: "Hárbard maricas! enviar-te-ia à Helvete Se pudesse cruzar as águas." Hárbard falou: "Porque cruzar o canal se não temos um júri? Entretanto, que tu fazias, Thor?" Thor falou: "Eu estava para o leste, defendendo rios, quando me atacaram os filhos de Svárang. Arremessaram pedras: de poucos lhes serviu Pois em seguida rogaram-me pedindo a paz. Entretanto, que tu fazias, Hárbard?" Hárbard falou: "Eu estive para o leste, dormi com uma rapariga, branca como o linho, nós jogamos e tivemos encontros secretos: Gozei com a áurea donzela, a rapariga amava o prazer."
Thor falou: "Então, bom fortúnio com mulheres tivestes." "Da tua ajuda tinha precisado, Thor, Para a vigília com a branca como linho." Thor falou: "Bem teria ajudado-te se ali eu estivesse." Hárbard falou: "E ti teria confiado, se não fosses tão falso." Thor falou: "Eu não mordo as iscas como um velho carregador na primavera." Hárbard falou: "Entretanto, que tu fazias, Thor?" Thor falou: "Donzelas guerreiras combati em Hlésey, Tinham feito o pior: dizimaram todo um povo." Hárbard falou: "Foi grande covardia, Thor, lutar contra mulheres." Thor falou: "Essas era mais lobas do que mulheres, destroçaram meu barco que havia encalhado, assustaram-me com um porrete,colocaram Thjálfi para fugir. Entretanto, que tu fazias, Hárbard?" Hárbard falou: "Eu estava com o exército que veio aqui; as bandeiras erguidas, lanças machadas de sangue." Thor falou: "Assim, diz que fostes tu que trouxeste-nos a discórdia?" Hárbard falou: "Ofereço-te em compensação um bom bracelete, como fariam os juízes querendo-nos reconciliar." Thor falou: "Aonde aprendeste tais palavras mordazes? Nunca tinha as ouvido com tamanho sarcasmo." Hárbard falou: "As aprendi com os homens antigos, que agora vivem nos bosques da terra." Thor falou: "Bom nome dás aos túmulos mortuários, ao chamá-los de bosques da terra." Hárbard falou: "Assim eu também acredito." Thor falou: "Esse escárnio te resultará mal caso decido-me por atravessar as ondas; mais forte que um lobo gritará, asseguro, se golpeio-te com meu martelo." Hárbard disse: "Sif possui um amante, vá a tua casa procurá-lo: poderás provar teu valor com uma coisa mais impressionante." Thor falou: "Dá gosto teu linguajar, dizes o que pode doer-me mais; É um covarde, e creio que mente." Hárbard falou: "Acredito que digo a verdade, se não tivesse atrasado tua viagem teria já chegado mais distante, Thor, se ainda tivesse posto outra cara." Thor falou: "Hárbard, maricas! Tu tens-me atrasado!" Hárbard falou: "Do Ásathor nunca pensei que poderia conter um barqueiro em sua viagem." Thor falou: "Te darei um bom conselho: traz aqui tua barca, deixamos de ameaças, acodes o pai de Mágni." Hárbard falou: "Atravessa o canal! Se nega-te o próximo passo." Thor falou: "Pois me mostra o caminho se não queres me atravessar ao mar." Hárbard falou: "Fácil é se negar: longe têm de viajar. Uma hora no campo, outro campo atravessa, Logo haverá um caminho à esquerda, até chegar à Verland, Lá encontrará Fjörgyn a seu filho Thor E lhe indicará os caminhos confiáveis até as terras de Odin." Thor falou: "Rápido será para achá-las, já que só com atalhos responde-me; pagarás por negar-me a viagem, se nos encontrarmos novamente." Hárbard falou: "Vai-te já e as pestes que te carreguem!" Obs.: Tradução e adaptação para o português por Vagner Cruz. Fonte nos Poemas Éddicos, a Hárbardsjód. Meus agradecimentos sinceros ao grupo O Troth e ao grupo do Antigo Caminho Gótico pelas referências e auxílio nas revisões. O poema continua passível de crítica e ou quaisqueres correções futuras. Este material poderá ser divulgado e repassado, total ou parcialmente, desde que citada a fonte. Que nossos trabalhos no reconstrutivismo do odinismo sirva de auxílio e inspiração para muitos, possibilitando a continuidade dos esforços. Copyright © por Vagner Cezar da Cruz - O Troth. Direitos Reservados. |
posted by iSygrun Woelundr @ 2:23 PM |
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